Sou professor, sou filiado ao sindicato Apeoc e faço oposição à atual direção dessa entidade. Tenho responsabilidade direta no que diz respeito à melhoria da educação, seja no compromisso com o aluno ou com os colegas de classe. Assim, assumo a responsabilidade de ser formador e, como tal, esforço-me diariamente, para que, pelo menos na esfera da educação, a justiça se faça de forma célere e plena e se estenda no máximo que puder alcançar. E é nessa condição, de formador ativo e responsável, que reporto-me à categoria, convocando-a à mais uma luta: a de opor-se a essa diretoria que há anos se perpetua na administração do nosso sindicato.
Um sindicato é formado por um grupo que legalmente representa uma determinada categoria. Os servidores públicos lotados nas Secretarias de Educação e de Cultura do Estado do Ceará e nas Secretarias ou Departamentos de Educação e de Cultura dos Municípios do Ceará têm como representante legal o sindicato Apeoc. No entanto, é possível verificar que, além do caráter “hereditário” assumido pela direção, existem outros desvios que atingem à categoria de professores, como a exclusão dos colegas temporários da filiação e do processo eleitoral para a regência do sindicato. Dessa forma, nenhum professor temporário pode filiar-se, votar ou ser votado nas eleições para representante da categoria, ou seja, quem mais precisa de apoio está desamparado legalmente.
O penúltimo concurso para professor do estado do Ceará, devido ao seu formato opressor, incutiu na mente dos que conseguiram superar todas as suas etapas desgastantes, muitas vezes não respeitosas aos princípios pedagógicos básicos, uma revolta que seria manifestada numa futura greve. Esses eram comentários comuns durante a última etapa desse concurso, fase que deixou de existir no último certame. E essa manifestação de insatisfação com o governo daquele momento aconteceu na greve de 2011, movimento que se destacou pela a forte união de forças partidárias e não partidárias, as quais tinham algo em comum: o anseio por dignidade dos trabalhadores e das trabalhadoras de forma geral.
A falta de uma direção sindical que fosse além da negociação de gabinete, sentida há décadas, e os exemplos de luta durante os últimos anos, fizeram nascer uma oposição à atual direção do nosso sindicato. Seu início aconteceu com a formação do grupo Educação e Emancipação, grupo que perdeu força rapidamente, mas que deu ideia para a geração da Rede de Zonais, os quais existiram por um bom tempo de forma paralela. O primeiro era caracterizado pela total independência dos governos e sindicatos; o segundo abrigava uma mistura de várias correntes políticas e de pessoas independentes (sem correntes políticas definidas). Este grupo contribuiu bastante para que a greve dos professores de 2011 tivesse a força que teve naquele momento. A permanência da paralisação sob o efeito da ilegalidade, a infiltração no desfile oficial de 7 de Setembro na Beira Mar e a ocupação da Assembleia Legislativa do Estado ilustram a importância da participação deste grupo.
Agora, outro momento convoca novamente os professores à união: a escolha dos nossos representantes sindicais. A atual direção da Apeoc já mostrou que dialoga e aceita de bom grado as decisões propostas pelo governo, independentemente, de serem ou não interessantes para a categoria. Além do perfeito entendimento entre governo e direção da Apeoc, cito, como exemplo, a última atualização do estatuto do nosso sindicato, datada de novembro de 2013 e que só poderia ter sido feita por intermédio de uma assembleia geral (que não houve). Tais posturas, entre tantas outras, me levam a crer que tal direção não nos representa.
Acredito que se dermos as nossas mãos nesse momento tão ímpar, toda a sociedade cearense poderia usufruir de uma Educação Pública de qualidade, o que nos alimentaria a esperança de ser modelo para o país. No mais, seria só uma questão de tempo.
Relato do professor Arivalto Freitas
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