Após confronto, votação em peso para manter greve
A divisão da semana passada ficou para trás. Ontem, professores votaram em massa para manter a greve 01.10.2011
Professores da rede estadual decidiram na manhã de ontem, em assembleia, manter a paralisação, que hoje completa 58 dias. Diferentemente da assembleia realizada uma semana antes, no ginásio Aécio de Borba, quando a categoria estava dividida sobre a continuidade da paralisação, inclusive com a orientação do presidente do sindicato dos professores, Anízio Melo para que a greve chegasse ao fim, ontem a decisão foi rápida e aprovada por ampla maioria.
Em clima de revolta, o sentimento entre os grevistas é que a categoria ficou ainda mais unida após a grande repercussão na mídia nacional do confronto com o batalhão de choque da Polícia Militar.
A assembleia foi realizada na Avenida Desembargador Moreira, em frente ao Plenário 13 de Maio, bloqueando o tráfego da via, no sentido sertão-praia. Devido aos protestos, não houve sessão plenária na Assembleia.
O professor de matemática e religião da Escola Estadual Dois de Maio, Arivalto Freitas Alves, ferido na cabeça no confronto com a PM, tornou-se um símbolo de resistência do movimento. Com a cabeça enfaixada Arivalto foi ovacionado pelos professores.
O momento de tensão aconteceu quando o deputado estadual Carlomano Marques (PMDB), vice-líder do governo, preparava-se para conceder entrevista no salão da Assembleia Legislativa, a poucos metros dos docentes que estavam em greve de fome.
Aos gritos, os professores chamaram o deputado de “fascista”. Antes do início da entrevista, Carlomano saiu escoltado pela Polícia. “Carlomano é o cão de guarda do governador”, disse Anízio Melo.
Ao final do evento, os manifestantes que estavam acampados na Assembleia deixaram o local. Mas, antes de deixar o prédio, de mãos dadas, eles provocaram os PMs do Batalhão de Choque. Jogando tinta vermelha em frente aos policiais e entoando canções que viraram hits do movimento: “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré; “Polícia”, dos Titãs; o Hino Nacional e uma versão de “Poeira” de Ivete Sangalo, cuja letra adaptada ficou é “vergonha, vergonha, vergonha, Cid sem vergonha”. Os professores Clésio Mendes, Cláudio Monteiro e Laura Lobato, que estavam há 48 horas em greve de fome suspenderam o protesto.
Procurada, a assessoria do governador informou que ele não iria se pronunciar a decisão dos professores.
Bruno Cabral
brunocabral@opovo.com.br
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