domingo, 11 de setembro de 2011

A AMPLITUDE POLITICA DE NOSSA GREVE PRODUZ NOVOS ECOS. TODOS CONTRA O TIRANO DA ABOLIÇÃO!

O professor Daniel Lins, importante opinião no mundo acadêmico, escreveu artigo para o jornal O Povo. Onde dá prosseguimento ao debate sobre o caráter de nossa educação e sua relação com os modelos políticos que administram a máquina estatal. Esperamos outras vozes em consonância com a da educação.

Professores: pau neles!
Daniel Lins – Filósofo dlins2007@yahoo.com.br

Uma vez mais, semana passada, a força foi usada pelo Estado contra professores. Espetáculo humilhante, típico de um poder que se afasta de suas obrigações e age como mestre de senzala!
O autoritarismo político inverte os papéis. Ora, sem eleitor, não há poder. Se o poder é incompetente e, não raro, desordeiro, quando o diálogo é chantageado, a Assembleia Legislativa é o espaço da palavra dos ofendidos.
Que fazem os deputados, salvo exceção de praxe? Transformam a “Casa do Povo” em trincheira contra a liberdade. Carneiro, boiada que pastoreia o gado – os professores –, a maioria trabalha em causa própria. Altos salários, corrupção quase sempre impune, tudo isso produz uma situação que põe em perigo às minguadas práticas democráticas.
De 2002 a 2008, o desvio de dinheiro público no Brasil equivale à economia da Bolívia: US$ 40 bilhões! Média de US$ 6 bilhões por ano, é o que atesta o cálculo feito por órgãos públicos, e difundido pela mídia nacional. Entre os gatunos, não há nenhum professor, como sempre!
O silêncio cúmplice, da maioria dos deputados e vereadores (alianças partidárias obrigam), em relação à pseudo-política salarial dos professores, e a ausência de ação de políticos inoperantes, pagos como príncipes, merecem um debate sem subterfúgios.
Com esse tipo de político, os professores terão que voltar aos tempos em que deviam “trabalhar por amor!” Que ideia retrógrada! O ensino privado, confessional, faliria se não tivesse abandonado esse discurso de sacristia: piada nacional, porém, letal. “Ensinar por amor, e não por salário”, desde que o professor não seja eu, minha esposa, minha mãe, parente, amigo, ou amante. Que os políticos exerçam seus cargos “por amor”!
O Brasil não é a Suíça em que os políticos mantêm seus empregos, e, como na Suécia, recebem um salário mínimo da população à qual devem explicação e respeito.
Como políticos incompetentes, nem sempre com ficha limpa, ousam se dirigir aos professores como se estivessem a falar com crianças meio tontas, bobos da corte! Quem fala? Por que os países onde a educação é um grande sucesso proíbem a intrusão do político à gestão pedagógica e, por razões óbvias, econômicas? A educação é coisa séria demais para depender de políticos!
Finlândia, Coreia do Sul e outros países em que a educação é tratada como riqueza nacional fazem da gestão do ensino público uma “empresa” séria, que produz forças qualificadas e competências que atendem às demandas educacional e socioeconômica da nação.
Educação se faz com orçamento farto, formação de nível, salário alto, exigências de qualidade daqueles que são pagos como profissionais e não como sacrificados do sistema.
O corpo dos professores, receptáculo de pauladas, reais ou simbólicas, hematomas e pichações, legitimadas pela dominação política, lembra o corpo/alma dos escravos. Quando se recebe menos de oito reais por hora, após anos de estudos, o sentido da vida se encontra alhures.
Resistir é preciso!
Fonte: Jornal O Povo 11/09/11

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